20.10.06

A Língua Portuguesa agradece.

Recebi um e-mail que tinha como título a afirmação acima. Bem, essa não é primeira vez que recebo e-mails com esse assunto e sinceramente eu me pergunto:

Quem essa tal de Língua Portuguesa???

Ou melhor, quem é essa digníssima senhora Língua portuguesa???

Por onde ela anda?

Que ambientes freqüenta?

Se gosta de uma boa cervejinha, ou se toma vinho do porto?

Afinal, quem é afinal esse ser que habita entre nós, tão onisciente como Deus?

Voltando ao e-mail.
O primeiro slide afirma: Mesmo que você saiba de todas essas formas corretas, passe adiante, pode ser útil para outras pessoas. E continua com a árdua defesa da Dona Língua Portuguesa: NÃO DIGA. Aí segue uma lista muito útil de formas que podem agredir os ouvidos.

Só que me pergunto no que dizer Iogurte ou Iorgute interfere na compra do produto, se ele muda de sabor, se ela amarga. Afinal, o produto muda se tirar ou colocar um R no lugar errado?

Queria saber se o problema é mais difícil se eu dizer POBREMA OU POBLEMA??
Ou se a solução é mais fácil?

Se mim não conjuga verbo, sinto informar, mas formas em infinitivo não estão conjugadas, logo não recebem EU e que cargas d’água este pronome está ali?
Então do ponto de vista sistemático, ou se aceita as duas formas, ou se rejeita as duas.

Se eu sei pouco de música, o autor desse útil e-mail sabe muito menos. As poucas vezes que participei de um coral sempre me pediram UM DÓ e não uma dó. E sinto, se você dizer que está com UM DÓ, vou vira e dizer: moço, o gênero dessa palavra está inadequado! Mas a Dona Língua Portuguesa, coitada, deve está se sentido muito humilhada.

Mas não acaba por aí não, tem mais!

A pronúncia correta de CD-ROM é ROM, como em ROMA e não RUM. A de HALL é RÓL e não RAU. Agora, sinceramente acho que dona língua portuguesa está mesmo encrencada, será que ela dobra a língua para RÓL, será que ela lembra que é ROM, se possível não nasalizando a vogal e pronunciando o M integralmente.

E aí Dona, conseguiu??

Mas calma que o golpe de misericórdia ainda estar por vir. Dona língua portuguesa, diga vou mandar, em vez de vou estar mandando, mas lembre-se mais: o correto mesmo é MANDAREI, sim madame, é MANDAREI, não se esqueça, pois seus defensores esqueceram.

Se a senhora for atender AO telefone NÃO DIGA, NUNCA: Quem gostaria? Pode ser o autor do e-mail e aí madame o negócio fedeu pro teu lado.

Por favor, não use pêra aí, a pessoa pode se sentir ofendida com madame e ir embora. Mas o autor ainda lança aquela frase de efeito:
"Se circula tanta bobagem pela internet, porque não circular coisa útil?"
Pois é, muito útil!!!!
Ass: Eduardo Vasconcelos (dudualves@gmail.com)

17.10.06

ando, endo, indo....

Crescer...a gente não vê, mas dói...
maravilhoso assim!!

11.10.06

"Renato Russo nos fazia acreditar em nós mesmos"

Dado Vila-Lobos

Surpreendo-me ao perceber como dez anos se passaram tão rapidamente desde a morte do Renato Russo. O tempo é cruel, mas também é um santo remédio, capaz de absorver a dor da ausência. Fazendo um balanço, vejo quantas coisas mudaram nesse período, ainda que não tenha notado. Minha vida hoje é completamente diferente da que levava tocando com a Legião Urbana. Estou à frente de um recomeço, com a minha carreira solo, muito parecida com o nosso início em Brasília. É instigante voltar a tocar em espaços menores, para platéias pequenas, como fazíamos na década de 80.
Isso me faz lembrar do Renato, quando fui convidado pelo Marcelo Bonfá para fazer parte da Legião, em 1983. Tínhamos três semanas para criar e ensaiar um repertório para um show de apresentação de bandas novas de Brasília. Parecia impossível, mas o Renato nos fazia acreditar em nós mesmos. Era uma pessoa extremamente cativante e estimulante, capaz de nos puxar da inércia para a criação. Daqueles ensaios na casa dele saíram músicas que fizeram parte de nosso primeiro disco, como Ainda é cedo, Petróleo do futuro, Será e Teorema. Com a morte do Renato, perdemos um hiper-super-intérprete, com um carisma inigualável. Mas, para além disso, ficamos sem essa figura intensa, sempre disposta a sacudir o público e mostrar que o jovem tem a força da palavra e é capaz de mudar o país. É curioso ver como tantos adolescentes de hoje, que mal se lembram do Renato, continuam sendo tocados e transformados pelas canções da Legião. Acredito que esta obra seja o principal legado deixado por ele. Com a distância de sua morte, seria estranho nos relacionarmos apenas com sua lembrança física. Sempre há o risco de a sua figura ser deturpada. Por isso, esse repertório gravado é o que de mais importante ficou e certamente vai ficar dele.
Tenho muita, muita saudade dos momentos que passamos juntos no estúdio, criando e trocando idéias musicais. Hoje, quando componho, sinto falta de uma pessoa como ele, que, do nada, conseguia levar uma progressão de duas notas para um lado extremamente diferente, inusitado. A música é algo meio mitológica, espiritual, na qual as influências surgem e se misturam o tempo todo. Nesse sentido, o Renato é totalmente presente na minha criação. Ele segue me inspirando, intuitivamente. Quando entrei na Legião Urbana, aos 17 anos, não imaginava o que poderia acontecer na minha vida. Estava me preparando para entrar na faculdade de Sociologia, quando tudo mudou radicalmente. A carreira que mantenho até hoje só aconteceu porque tive um cara como ele ao meu lado. O Renato provou ser possível acreditar em certas idéias e que os sonhos podem ser realizados.
A Legião viva nas nossas mentes, em minha alma!!!
Me entristece não ter descoberto a Legião antes.
Mas as águas da vida assim o quiz, quem sou para poder contê-la!!

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