12.2.07

O Feijão e o Sonho

Eu tenho o péssimo hábito de não ler os livros que tenho. Ganho e compro, mas por falta de tempo ou por falta de esforço, não li nem metade dos meus livros. Um desses livros é O Feijão e o Sonho de Orígenes Lessa, eu o ganhei, estava com as folhas soltas, fato que o fez tomar-me tempo para poder encardená-lo: corta cartolina, corta papel, cola de madeira – por favor, estilete, colar e secar. Pronto.

Estava na minha estante há uns dois, três anos.
Não sabia quem era Orígenes Lessa e achava que aquele livrinho não era de nada. Aliás, quem é esse cara, um autor de história juvenil? Não, qualquer dia eu leio. (Ignorante preconceito). O certo é que o qualquer dia chegou. Cansado de nomes, verbos, casos, gêneros, números, fones, morfes e padrão sintático, decido dá um pouco de leveza a minha mochila com algo que fosse prazeroso e fácil de ler. Fui a minha estante, olhei os livros pequenos, aqueles de coleção de bolso. Literalmente procurava algo leve. Entre Machado, Álvares de Azevedo e Rubem Alves, estava Orígenes Lessa. Pensei: vou tirar meus preconceitos ou confirma-los. Com livro a mão, me surpreendo com um fantástico Romance, tudo do que precisava para este momento. Discuti o sonho e a realidade. Entender os dois ou confundi-los. Febrilmente, me ponho a leitura. Eu estava preso à órbita daquele pequeno livro, de páginas já amarelando. E estava também na órbita de Campos Lara, Maria Rosa e a histórias de suas vidas. Suas dores, suas vitórias, seu amor. Ora entendo um, ora esperando melhora para o outro. De tão reais, são vidas fictícias. Onde o sonho de cada dia não traz o feijão de cada boca. Um enveredamento em uma mente fora do mundo e outra só feita das coisas do mundo. O conflito entre o necessário e o sonho. Entre O Feijão e o Sonho. Seres que só o amor os juntaria, só o amor faria com que mundos tão distantes se compreendessem.

Campos Lara e Maria Rosa, vidas belas e cotidianas. O sonho de um a realidade do outro. Ora se conflitando, ora se compreendendo. Dois pontos que parecem distantes. O equilíbrio. Ou na verdade o puro desequilíbrio. Personagens símbolos de conflitos tão humanos. Decidindo, dia após dia, o caminho necessário ou o sonho. Campos Lara um refúgio na imaginação. Maria Rosa, a realidade sem fuga. Desejos contrários, vidas em comum. Os dois sempre existiram em mim, agora eu os encontro. E agora, às vezes, vou me aconselhar com eles. Agora, Feijão e sonho.

Comments:
Lembro bem dessa leitura há uns dois séculos atrás aproximadamente...lembro dessa leveza, dessa simplicidade e desse envolvimento tão bem descrito...q saudade de leituras assim tão "inocentes", casuais....e a academia continua nos corrompendo rsrs. Bjs Dudu, amei!!
 
inspirado, hein?

Bom Carnaval para vcs!!

Bjos,
Rebeca
 
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