23.4.04

PELO DIREITO DE SERVIR

Antes de mais nada, quero que fique claro que o texto seguinte, de maneira alguma, representa uma "afronta" ao texto anterior escrito pelo Dudu. Embora fique claro que eu não concorde com ele em algum ou outro ponto, tive no texto "Pelo direito a rebeldia" (por sinal, muito bom!!) uma certa inspiração...
Defendo o direito à mordomia. O direito de olhar para o meu irmão e sentir sua dor, o direito de estender a mão e sem vergonha, peso na alma, falso moralismo ou filosofias muitas, oferecer ajuda. Defendo antes, o direito de ser irmão, de ter no próximo o meu irmão e de ser digno de ser chamado, irmão. Defendo o direito do coletivo, da união, do RESPEITO. Defendo o nosso direito de ser HUMANO. O nosso direito de errar e de se redimir do erro, o direito do perdãoo. O direito de ser PIEGAS. De dizer “Amo você” mesmo aos amigos, de agradar, de me importar com os problemas do próximo, sem necessariamente apontar o ponto em que ele errou ou indicar o processo desencadeado por sua burrice, mas simplesmente me oferecer a encontrar solução. Defendo o direito de não ser superior ao porteiro do meu prédio e de lhe dizer “Bom dia” todas as manhãs, esteja eu ou não na tpm, mas também defendo o direito de não ter que sorrir para o gerente geral de todas as seções nossas, só porque ele é o gerente geral de todas as seções nossas. Defendo o direito de não saber de tudo, o direito de não conhecer o diretor mais transcendental do momento ou de todas as eras do cinema, de não ler o livro mais politizado da história ou simplesmente o mais belo, defendo o direito de conhecer o meu vizinho e pronto. Gratidão, o direito de ser grato. Obrigada, com licença, por favor, desculpe, foi mal, eu me lembrei, parabéns, bem-vindo, posso ajudar? como foi seu dia? pode me ligar, você nunca me incomoda. Defendo o direito de homenagear, de elogiar, de paparicar, de puxar o saco mesmo, mas somente quando eu acreditar que o fulano merece. Defendo o direito das diferenças, da individualidade e não, o individualismo. E finalmente, defendo o direito da revolução e não da rebeldia pura e simples, como necessidade humana, egocêntrica e cruel de auto-afirmaçăo. Revoltemos sim, meus irmãos, revoltemos contra os nossos próprios desejos de destruição, de conformismo, competição e polarismo, revoltemos contra as doutrinas da contemporaneidade, olhemos para o outro. E acabemos com a hipocrisia, não basta o olhar, chega de teoria!! Como diz o poeta contemporâneo na cançăo marginalizada: “misericórdia no olhar não ajuda ninguém a andar” (Fernando Modesto)
Luciane Cristina





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